Maternidade Lado B
- Luciana Morgado
- 8 de jan. de 2016
- 3 min de leitura

Hoje acordei pensando sobre como mudei nos últimos anos. Eu era uma menina, com 26, tinha acabado de voltar da Espanha, planejava minha pós em trade marketing, tinha corrido meus primeiros 5k e estava naquele ritmo frenético entre o trabalho e a vida com o namorado e os amigos. No ano seguinte, depois de passar a tarde no pronto socorro, com um mal estar abdominal, a notícia: “Luciana, você está grávida!”
Só quem foi mãe de surpresa sabe do frio na barriga que a gente sente ao ouvir, ou ao ler nosso “diagnóstico”. Meu coração era só alegria… eu não acreditava. Naquele ano, deixei de ser a menina que trabalhava-viajava-estudava-saía-e-dormia para ser mulher, dona de casa, mãe! Minhas prioridades mudaram, eu vivia 24 horas do meu dia pensando no bem estar do meu filho e em como eu poderia dar a ele um lar amoroso e ser para ele a melhor mãe que ele poderia ter. Em 2012, quando o Nelsinho nasceu, não existiam os blogs maternos. Alguns sim, mas bem poucos mesmo. Acho que eram umas 5 mães-blogueiras, no máximo. Instagram? Não existia ainda. Mesmo assim, eu lia muito, pesquisava muito sobre tudo, tinha sede de saber qual era o melhor caminho que eu poderia seguir.
Eu cuidava do Nelsinho em tempo integral, do dia a dia da casa, e trabalhava, nas madrugadas, muitas vezes, em alguns projetos de marketing e e-commerce. Isso tudo me deixava cansada suficiente para não conseguir fazer mais nada. Vida social? Esquece! Academia? Até parece. A energia que eu tinha, eu usava para brincar com meu filho nos finais de semana. Era mãe leoa mesmo, defendia meu território para que nada atrapalhasse meus planos com meu filho, em sua rotina, alimentação, nada. Os anos se passaram, o Leo nasceu, e eu já era outra mãe, outra cabeça, outras perspectivas, mas a lista de responsabilidades só crescia e chega uma hora que a gente cansa. A maternidade não é algo só leve, colorido, divertido, ela tem seu lado B, e quando a gente tem dois filhos, casa pra cuidar e conta pra pagar, esse lado B começa a aparecer mais do que deveria.
Em meio a minha reflexão sobre tudo isso, vejo uma frase no Instagram: “Não se entregue ao ponto de sentir falta de si mesmo.” Nossa, fechou com chave de ouro meu raciocínio e me ajudou a perceber o quanto eu tinha me entregado, a ponto de ter me perdido de mim mesma. Claro que nesse caminho, enquanto eu me perdia, conheci pessoas, conheci novas possibilidades de lidar com a maternidade e a infância, enxerguei um mundo novo, aprendi muito sobre alimentação, sobre os bebês, sobre o desenvolvimento infantil, e tudo isso me fez sonhar, colocar no papel (e agora tirar do papel) alguns projetos relacionados a infância, ao brincar, a maternagem. Se eu não tivesse mergulhado tão fundo nesse universo, eu não teria encontrado nada disso dentro de mim. Mas sim, eu me perdi de mim mesma.
Para tudo precisamos estabelecer limites e cada mãe deve encontrar seu ponto de equilíbrio. Para algumas, o profissional pesa mais, para outras a vida doméstica, para outras a liberdade junto as crianças, não importa, contanto que você não abandone o seu “eu interior”. Seus instintos devem ser preservados, e você deve SEMPRE ter um tempo só para você.
Eu costumo fazer uma analogia com a pizza, onde nossa vida é uma grande pizza, que tem seus 8 pedaços todos iguais: corpo, alma, filhos, família, amigos, trabalho, finanças, lazer, cada um escolhe quantos e quais pedaços quer ter na sua pizza, mas eles devem ser sempre iguais. Cuide bem de cada pedacinho da sua vida, com equilíbrio, leveza e amor. O tempo passa, a gente vai mudando, crescendo, e todos os problemas se resolvem, toda correria tem seu fim. Por isso, seja feliz! Primeiro consigo mesma, depois com o mundo!
Até a próxima!
Um beijo,
Lu
POST ESCRITO PARA O BLOG MÃE QUE ESCREVE, DA BRINQUEDOS BANDEIRANTE
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