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A Hora da Escolinha


Meu filho nasceu em fevereiro e eu já sabia que não voltaria a trabalhar, por isso estava tranquila com relação a procurar escolinhas, conhecer os berçários e tudo mais, mas sabia que deveria me planejar.

Normalmente, as melhores escolas tem listas de espera de até um ano, ou seja, se você quiser garantir o lugar do seu filho em uma dessas “escolhidas”, talvez tenha que fazer uma pré matrícula ainda durante a gestação – principalmente se você estiver trabalhando e tiver apenas 120 dias de licença maternidade.

Eu já sabia que colocaria o Nelsinho na escola com 1 aninho, para que ele recebesse os estímulos necessários para o desenvolvimento da motricidade, da fala, dos sentidos e, principalmente, para que ele aprendesse a conviver com outros bebês, para que tivesse a oportunidade de brincar e dividir o espaço com “gente do tamanho dele”, afinal na minha família não temos bebês, ele foi o primeiro. Nos primeiros 5 meses desde seu nascimento, algumas coisas mudaram e eu acabei fechando com meu pai de que ajudaria em alguns projetos da empresa, o que significa que reservaria um dia da semana para me concentrar no trabalho. Aos poucos o trabalho foi aumentando e não teve jeito, acabei antecipando a ida dele para a escolinha, com 8 meses.

As escolas que me interessavam, já em outubro, não tinham mais vagas, nem mesmo para o ano seguinte, apenas listas de espera. Pesquisei TODAS as escolas da região, e optei pela minha antiga escola, onde estudei o ginásio e o colégio.

A PRIMEIRA ESCOLA

O berçário era perfeito. Tinha um espaço dedicado para os bebês, que eram separados por idade e de acordo com seu desenvolvimento – os que ainda não andam dos os que já andam, por exemplo. Tinha um espaço bacana para higiene, com banheira de inox – o que ajuda na esterilização, com nichos personalizados para fraldas, itens de banho e troca, como shampoo, pomada, roupa extra. A hora da soneca acontecia em uma salinha bem aconchegante, longe do barulho, com bercinhos e pouca luz. Só não existia nenhuma programação pedagógica, nenhum roteiro com atividades, eles apenas ficavam ali, brincando.

A fase de adaptação foi tranquila, mas eu era um tanto exigente com relação aos “relatórios diários”, ou seja, as anotações da agenda referente a alimentação, sono, xixi, cocô e todas essas coisas que a gente precisa controlar quando se trata de bebês. Tive muita dor de cabeça com relação a isso, afinal, as “tias” não dão conta de anotar cada detalhe mas ao mesmo tempo é importante acompanhar a introdução dos novos alimentos e saber o que foi consumido, para poder oferecer outras opções em casa, que ofereçam outros tipos de nutrientes e vitaminas – eu sempre fiz isso, se comia carne na escola, no jantar eu oferecia frango. Se comia banana na escola, em casa oferecia mamão, maçã... ou seja, ia variando os alimentos sempre que possível.

Abri mão de muita informação porque gostava muito das berçaristas, sabia que meu filho era tratado com carinho, mas a escola fez umas mudanças onde as mães não teriam mais contato com elas, apenas com a coordenadora do berçário, e isso me fez procurar uma nova escola. Imaginem só, antes a “tia” responsável pelo Nelsinho me trazia ele e me contava se ele tinha ficado bem, dormido bem, se alimentado bem. Com a mudança, a coordenadora era responsável por entregar os bebês, mas ela mal sabia como cada um deles tinha se comportado, como seria capaz de contar alguma coisa sobre seu dia?

A SEGUNDA ESCOLA

Em dezembro resolvi colocar o Nelsinho em uma outra escola, da mesma rede da primeira, porém mais perto da minha casa e com o sistema um pouco diferenciado. O espaço era menos organizado que o primeiro, mas ainda assim, eles tinham alguns diferenciais como um jardim e alguns animais como papagaios e jabutis. No mesmo mês, optei por não continuar o trabalho com meu pai, que a essa altura já me tomava mais de três, quatro dias por semana. Eu tinha prometido atenção total ao meu filho no seu primeiro ano e isso não estava acontecendo desde os seus 8 meses.

Eu já estava super desconfiada, afinal minha primeira experiência me deixou mais exigente ainda. Acontecem coisas na escola que me deixam um tanto quanto sem paciência, como quando você vai buscar seu filho e a “tia” diz que ele almoçou super bem, aí você chega em casa e a anotação referente ao almoço diz que ele não comeu quase nada. O que fazer?! Fui tolerante até que na última semana de janeiro resolvi perguntar como seria no dia do aniversário dele, se existia algum tipo de comemoração. A responsável pelo berçário me respondeu que eu poderia levar bolo, docinhos, pirulito, balas de goma, chocolatinhos tipo “tortuguita”... Eu fiquei em choque! Questionei e ela ainda me disse: “ah Lu, coitado! Todos comendo chocolate menos ele?!” A resposta foi frustrante o suficiente para que eu marcasse uma reunião com a coordenação, que me disse não estar ciente de que haviam festinhas assim no berçário. Depois de mais de uma hora conversando, estava decidido, lá ele não ficaria mais – mesmo não sabendo como iria fazer dalí em diante, já que eu ainda queria que ele passasse algum tempo na escola, por causas nobres que o ajudariam em seu desenvolvimento.

Chorei muito neste dia. Me arrependi de ter antecipado a ida do Nelsinho para a escola, me arrependi de ser muito “amiguinha” de todas, de aceitar algumas coisas e questionar só depois, de ter sido tolerante com algumas coisas. Mas prometi que isso não se repetiria. Fui buscar outras escolas, algumas que custavam bem mais que as primeiras...até que encontrei um lugar onde me senti, vamos dizer, confortável.

A TERCEIRA ESCOLA

Cheguei na escola com uma lista de questionamentos. Na verdade ouvi muito antes de abrir expectativas e frustrações, porque se você já fala que tem problemas com doces, por exemplo, ninguém da escola vai te falar que os doces são liberados, entende?!

O lugar era bem agradável, limpo, iluminado. As crianças pareciam felizes, bem cuidadas, tinham um espaço dedicado para as atividades, para as refeições, era tudo bem organizado. O que mais gostei foi que existia uma programação semanal com “aulas” de música, inglês, com shantala e estimulação com atividades específicas para cada fase do bebê. Eram atividades diárias, com 30 minutos de duração normalmente, onde os bebês cantavam junto a professora e seu violão, ou ouviam histórias, ou aprendiam músicas, números ou palavras em inglês como “hello” e “bye bye”. Isso é muito importante, pois os bebês estão o tempo todo aprendendo, os estímulos certos são fundamentais para que desenvolvam suas habilidades de forma natural, brincando.

Outra novidade da nova escola eram as câmeras. Eu poderia observar meu filho o tempo todo na sala do berçário, durante as refeições ou enquanto brincava com os amigos no parque da escola. Isso era ótimo, para que eu pudesse recuperar a “confiança” e ficasse mais tranquila.

Em março, o Nelsinho completou 1 ano nessa nova escolinha! Estamos felizes. Claro que houveram alguns questionamentos durante este primeiro ano, isso vai acontecer sempre, e na pré escola mais que no berçário, mas o resultado tem sido positivo, estamos os dois muito felizes.

Listei aqui algumas dicas para a primeira visita na escolinha durante as “pesquisas”:

  1. Primeira dica muito importante: ouça. Ouça tudo, não diga nada sobre suas preferências, sobre o que é importante para você ou não, só assim você vai saber Observe bem a agenda, o nível de detalhes do padrão da agenda, peça para ver alguma agenda em uso, para que você observe como são feitos os relatórios diários referentes a permanência do seu filho na escola.

ALIMENTAÇÃO

  1. Peça para ver o cardápio, se possível do último mês, e verifique se o que é sugerido é realmente aplicado no dia a dia. Quando checar a agenda, observe se existe alguma anotação referente aos alimentos consumidos ou não.

  2. Se você for adepta a uma alimentação saudável, verifique se existem no cardápio itens como “hambúrguer”, “batata palha” – itens presentes no cardápio da nossa primeira escola que, quando questionei me disseram que fazia parte da adaptação para comidas que as crianças vão comer no futuro. Oi?!

  3. Questione os tipos de suco, que devem ser sempre de fruta ou no máximo em polpa, nunca de caixinha. Também pergunte sobre a frequência que oferecem água e qual a origem – filtro, garrafão, mineral.

  4. Pergunte sobre as festas de aniversário, como acontecem, o que é servido, política de lembrancinhas – o que pode ou não ser levado para os amiguinhos, assim você não terá surpresas como eu.

EQUIPE

  1. Se informe sobre como é o contato mãe | berçaristas ou professoras e auxiliares, no caso da pré escola. O contato deve ser aberto, livre e de preferencia, diário. É sempre bom poder ver a pessoa que cuidou do seu filho no final do dia.

  2. Peça uma lista com o nome de toda a equipe e suas funções, você vai precisar quando menos esperar.

AMBIENTE

  1. Visite o espaço de higiene, pergunte como acontecem as trocas, os banhos, qual a periodicidade da limpeza do local.

  2. Observe as salas dedicadas aos bebês, no caso dos berçários. Durante a visita, perceba se foi solicitado que você retirasse os sapatos ou se existe algum limite no acesso ao local. Isso é muito importante, os bebês devem estar sempre em um espaço só deles e o acesso deve ser restrito. As berçaristas devem sempre estar com sapatos adequados ou de meias | protetores, para circulação exclusiva naquele local.

  3. Questione sobre o uso dos berços, a roupa de cama, se são exclusivos ou comuns. Se forem comuns, pergunte sobre a periodicidade na limpeza da roupa de cama e observe se são “bem limpinhas”.

  4. Questione tudo sobre a cozinha, conheça as responsáveis pela papinha, pelas mamadeiras. Peça para que a mamadeira volte pra casa nos finais de semana, assim você pode acompanhar se estão sendo bem higienizadas ou não.

  5. não. Aliás, procure enviar mamadeiras ou copinhos com menos “partes” possíveis, que sejam fáceis de lavar, porque acredite, mesmo na escolinha atual do meu filho, temos problemas com isso.

  6. Observe as janelas, se estão sempre fechadas ou abertas. Observe se os ambientes são limpos e arejados, com luz adequada.

  7. Observe portas, prateleiras, escadas e todos os obstáculos que podem colocar em risco bebês que já engatinham.

  8. Se a escola tiver sistema de monitoramento, questione os ambientes que terão acesso disponível.

ATIVIDADES

  1. Pergunte sobre estímulos e atividades pedagógicas ou de psicomotricidade. Procure fazer a visita durante uma das atividades, para assistir e entender como elas acontecem.

  2. Entenda os horários, se são flexíveis ou não, e o que acontece na rotina do bebê, desde o primeiro momento, quando seu filho chega na escola. É importante principalmente se o horário for flexível, assim você não corre o risco de ir buscar o seu filho quando ele está no meio de uma refeição ou mamando, por exemplo - mesmo sem programação pedagógica, as escolas tem uma rotina, como brincar, refeição, dormir, mamadeira, vídeo, brincar de novo.

Enfim, cada mãe tem seus valores, tem suas preocupações, suas expectativas. Liste todas elas, vá fazer as visitas segura do que você quer para o seu filho, assim diminui as chances de se arrepender com a escolha. E lembre-se, tolerar um problema ou outro é normal, mas não se deixe levar... é saudável repensar a decisão para ter certeza de que aquela escola é a melhor para o seu filho, se não, melhor buscar outras alternativas.

Um beijo,

Luciana

www.luliluli.com

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