Mosquitos e Repelentes :: o que você precisa saber
- Luciana Morgado com Fernando Diogo Mariano
- 17 de dez. de 2015
- 3 min de leitura

REPELENTE. Aquele, que antes dos surtos de dengue e zika, era usado apenas nas viagens para lugares com muitos pernilongos. Aquele que a gente nunca deu muita bola... sabe? Pois é! Pois nas últimas semanas não se falou de outra coisa!
Depois de muitas conversas entre amigos, decidi alertar vocês por aqui, porque o excesso de repelente pode fazer mal a saúde das crianças. As próprias marcas alertam as restrições de idade. Até o Exposis, o repelente que se transformou no queridinho das mães, deixa bem claro que é indicado apenas para crianças maiores de 2 anos de idade.
Trabalhei por muitos anos com matérias primas para indústria cosmética e farmacêutica, e convivi diariamente com engenheiros químicos, especialistas em cosméticos, e aprendi muito sobre os produtos que compramos por aí, e sobre como todo cosmético pode ter efeitos nocivos a longo prazo. Preocupada pela exposição exagerada das crianças a tanto repelente, decidi convidar um amigo, profissional que confio, para falar sobre o assunto.
O Fernando, além de ser meu amigo há 15 anos, é Engenheiro Químico formado pela Faculdade Oswaldo Cruz e atua na área de cosméticos há 13 anos. Atualmente é sócio do Grupo BBR Brasil, que é o detentor das marcas Left Cosméticos e Aora Cosméticos. Ele vai responder algumas das minhas perguntas sobre o assunto:
1- Como funcionam os repelentes?
R: Basicamente, os repelentes atuam sobre determinados receptores olfativos presentes nas antenas dos insetos. Os compostos químicos presentes nos repelentes “desorientam” o inseto e fazem com que ele seja incapaz de ser atraído pelo cheiro que normalmente o corpo humano exala.
2- Normalmente os ativos são o DEET e a ICARIDINA. Qual a diferença na prática?
R. A grande diferença é o potencial alergênico e o odor. O DEET possui odor característico e potencial muito maior de irritação, já a Picaridina/Icaridina tem potencial muito baixo de irritação, não tem cheiro e possui praticamente a mesma eficácia do DEET.
3- Por que não devemos usar repelentes em bebês com menos de 6 meses? E por que crianças menores de dois anos têm restrições?
R: Por conta do potencial alergênico e dos danos à saúde. Tanto o DEET quanto a Picaridina/Icaridina são componentes que facilmente absorvidos pela pele. Bebês e crianças menores de 2 anos possuem potencial maior de absorção de componentes químicos, o que infelizmente facilita que eles venham a gerar algum tipo de alergia ou problemas de saúde. Por essa razão, a ANVISA determinou estas restrições no Brasil.
4- Os repelentes em geral são nocivos a longo prazo?
R. Em geral, não. Se usados conforme as instruções do fabricante os produtos repelentes tendem a não causar nenhum problema, porém, todos possuem potencial alergênico. O caso mais grave é o do DEET, pois é o único que possui um estudo concreto sobre possíveis danos a longo prazo. Apesar de ser extremamente eficaz, existem estudos que comprovam que o uso diário do DEET a longo prazo pode causar diversos problemas de saúde tais como: irritação de mucosas, dores de cabeça constantes e problemas respiratórios.
5- Os mais caros são os melhores?
R. Não necessariamente. Qualquer marca que se dispõe a lançar um repelente no mercado tem que passar por um processo de aprovação na ANVISA. Estes produtos são considerados de grau risco 2, portanto, para serem disponibilizados no mercado para comercialização, eles precisam ter passado no teste de eficácia e segurança que a ANVISA exige. Sendo assim, se o produto possuir registro na ANVISA, você pode confiar na sua eficácia, independentemente do preço. O que vai diferenciar um do outro é a facilidade de aplicação, toque, cheiro e outros fatores que estão mais relacionados a conforto do que eficácia em repelir insetos.
6- Qual tipo de repelente é mais eficaz: aerosol, loção, líquido ou spray.
R. O melhor está mais relacionado ao conforto e facilidade de aplicação do que a eficácia em repelir insetos. Todos são eficazes, no entanto, em minha opinião, o repelente em loção tem mais chances de ser aplicado corretamente, pois é mais fácil cobrir toda a região exposta de maneira uniforme. Sendo assim, se a região exposta estiver totalmente coberta, as chances de eficácia do produto aumentam muito.
7- Qual a recomendação de uso?
R. Isto vai depender muito da concentração de uso dos compostos repelentes nos produtos. O ideal é que você siga exatamente o que vem recomendado na embalagem de cada fabricante. Geralmente não é indicado que se use mais de 3 vezes ao dia.

Aqui em casa, eu uso o Johnson's Baby Loção Anti Mosquito. Ele é atóxico, hipoalergênico e pode ser usado em bebês a partir dos 6 meses. Acho mais levinho, e prefiro assim. De resto, cuido da casa, fecho as janelas no fim de tarde, uso mosquiteiros e alguns repelentes naturais no ambiente, como velas com citronela.
Espero que tenham gostado.
E vamos proteger as crianças, mas com cautela!
Um beijo,
Lu
www.luliluli.com
Muito além da Maternidade
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