Entendendo a Fase da Escrita Espelhada
- Luciana Morgado
- 26 de ago. de 2015
- 3 min de leitura
O Nelson, meu filho de 3a6m já sabe escrever, e ler, algumas palavras. Sim! E eu acho muito cedo, mas ele adora... quer sempre saber como se escrevem palavras novas, quer sempre tentar ler as palavras na rua, então fico um pouco mais tranquila - porque me angustia um pouco essa "pressa" em alfabetizar crianças que deveriam estar apenas brincando, descobrindo o mundo de forma lúdica e natural.
A escola que ele estuda segue o método Positivo de ensino e, para a idade dele, oferece uma apostila que, entre outras coisas, incentiva o conhecimento das letras, números, cores, formas, nomes das pessoas da família, amigos e da natureza. Por isso, ele tem sido estimulado para a escrita sim, mas vejo nele uma aptidão natural para gostar disso, e é essa felicidade que ele demonstra em cada nova descoberta que me faz sentir que estamos no caminho certo. Sempre digo, não existe um método correto de educar! É preciso observar as respostas da criança aos estímulos, e estar aberta a mudar de caminho se preciso for, mas esse papo sobre alfabetização precoce fica para um próximo post.
Enfim, eu sei que agora estamos em uma nova fase dessa aventura no mundo da escrita: a da ESCRITA ESPELHADA

Na primeira vez fiquei surpresa! É tão difícil escrever assim, totalmente ao contrário. Eu não consigo... Mas depois vi que isso foi se tornando normal no dia a dia dele, e fui pesquisar e descobri que trata-se de um fato normal no processo de aprendizagem da linguagem escrita, porque nas primeiras tentativas a criança ainda não sabe todas as regularidades. Por exemplo: em nossa cultura se lê e se escreve da esquerda para a direita, ao contrário de outras culturas como a árabe e a hebraica que escrevem da direita para a esquerda, ou ainda os chineses, que escrevem de cima para baixo.
Segue parte do artigo de Jerome (Jerry) Schultz, diretor clínico fundador do Laboratório de Aprendizado da Lesley University, um programa que fornece avaliação, tutoria, gestão de casos e serviços para crianças com dificuldades de aprendizagem. Schultz tem um Ph.D. do Boston College, e completou bolsas de pós-doutorado em psicologia clínica e neuropsicologia pediátrica.
Aos três ou quatro anos de idade, a presença da escrita espelhada não é motivo para se preocupar. Para entender o porquê, é importante saber como a capacidade de escrever da esquerda para a direita emerge em uma criança.
A criança desenvolve primeiro o que é chamado de lateralidade, que é a consciência dos lados esquerdo e direito, ou, pelo menos, que seu corpo tem dois lados. Esta tomada de consciência interna amadurece e passa a ser chamada de direcionalidade, que é o reconhecimento das direções: direita para a esquerda, de cima para baixo, para frente e para trás, etc.
Nesta fase, a criança nem sequer percebe que está escrevendo a palavra na ordem errada. Seu cérebro não ainda não sabe como certa palavra escrita deve parecer , e isso não faz diferença, porque nessa fase, seu cérebro está preocupado apenas com a ordem das letras. Assim, ele comanda a mão a escrever seu nome, KAYLA, e a mão escreve ALYAK. Como Kayla já viu seu nome escrito corretamente mais vezes que da forma que escreveu, ela vai dizer "Ei, isso não parece certo!" e, mais tarde, "está ao contrário!" e é assim que o conceito se desenvolve.
(...)
Dica: Certifique-se de que a criança tem muitas oportunidades de ver seu nome ou outras palavras escritas corretamente, para que crie referências.
Então, concluí, depois dessa e de outras leituras, que a escrita espelhada é comum até os 7 anos de idade. Depois disso, se a criança, mesmo recebendo estímulo e ensino adequados, estiver apresentando, além da escrita espelhada, dificuldade na aprendizagem da leitura e escrita, é prudente uma avaliação psicopedagógica. Antes dessa idade, não há porque se preocupar com dislexia ou outra patologia do processo de aprendizado.
Ufa!rss
Um beijo,
Lu
www.luliluli.com
Muito além da Maternidade
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