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Cesárea é Parto? Mas claro é!

Faz tempo que não escrevo. Minha lista de posts pendentes já dobra o quarteirão, e cada dia surge um tema novo. Mas Hoje não resisti. Acabei de ter uma conversa que me fez voltar pra casa pensando nesse assunto. Uma amiga que conheci a pouco me contou que tinha ficado curiosa para entender por que, no workshop do dia das mães, tinha um slide com o título PARTO CESÁREA. Não, ela não participou do bate papo, viu apenas este slide no telão, e me questionou sobre quem era aquela médica cesarista que falava com as gestantes.

A médica em questão é a minha, a Dra. Marlene Siqueira. Não, ela não é cesarista! Ela defende um parto humano, com a participação dos pais, com o acolhimento do bebê. Mas sim, existia um slide que tinha como tema o título PARTO CESÁREA, pois no dia ela falou sobre a gestação e os diferentes tipos de PARTO, a cesárea inclusive. Uma mãe, gestante, de primeira ou segunda viagem, precisa de todas as informações possíveis sobre as alternativas que ela tem, os prós e contras de cada escolha, os porquês... Porque podemos planejar, mas nunca sabemos como vai ser nosso parto na hora H.

Questionei minha amiga e o que realmente incomodava ela era o fato de chamar a cesárea de PARTO.Quem me conhece sabe que sou meio pamonha, mas que quando a coisa pega, fico com 2 metros de altura. rss COMO ASSIM? E CESÁREA NÃO É PARTO?! Não, segundo os grupos que defendem o parto humanizado, natural, normal. Ok, então vou contar minha história com o Leo, para chegar aonde quero.

Na gravidez do Nelsinho eu não li NADA sobre cesárea! Nem passava pela minha cabeça fazer cesárea. Por que, eu, saudável, com uma gravidez dentro dos padrões teria que me preocupar com cesárea, cirurgia e tudo mais? Eu queria parto na água! Chamava os amigos em casa para assistir os partos naturais feitos na água... até que com 38 semanas ele virou. Sentou mesmo! Resumindo, sim, tive o Nelsinho por cesárea! Hoje acho que fui induzida pela minha médica - outra médica que me acompanhou na primeira gestação, que me convenceu de que um parto normal não seria a melhor opção. Ele estava sentado, eu tenho o quadril pequeno, e o cordão estava visivelmente abraçando seu pescocinho. Ela me disse, na 39ª semana, que um parto normal seria perigoso e eu aceitei. Agendei minha cesárea e em dois dias eu engoli tudo que podia sobre cesárea, plano de parto, anestesias, TUDO. Era uma sexta a noite quando fui feliz da vida para o hospital, de salto, unhas feitas e maquiagem leve, para sair linda nas fotos. rs Meu filho nasceu e eu chorava como ninguém. Eu não pude ver ele sair da minha barriga, eu não sentia dor alguma, mas ouvir seu chorinho foi a coisa mais emocionante que me aconteceu.

Quando engravidei do Leo, e já estava bem mais esperta, e envolvida com temas como esse. Resolvi fazer o pré natal com a Dra. Marlene, que já tinha sido minha médica antes. Dra Marlene falava sobre conversar com o bebê, sobre medicina quantica, sobre energia, sobre minha conexão com o Leo. eu queria parto normal e tudo isso me ajudou muito. Com 39 semanas ele estava quase encaixado, exame de toque ok, ele poderia nascer a qualquer momento. De repente, na madrugada do dia 25 de junho, data exata da DPP, comecei a sentir as dores do parto. Contrações fortíssimas de 10/10 minutos. Não sabia se chorava ou se gargalhava de alegria. Era 1 da manhã quando percebi que sim, precisávamos correr para o hospital.

Oba! Vou ter o Leo de parto normal. Meu sonho! Que emoção! E eu ainda me preocupava com o fato de ter um filho de cada jeito, pois queria ter tido essa experiência com o Nelsinho. coisa de mãe. Cheguei na Pró Matre com muita dor, contração de 6/6 minutos. Eles me examinaram, pressão, temperatura e me colocaram numa sala onde um médico fez o toque e a enfermeira colocou o cardiotoco na minha barriga, para acompanhar os batimentos do bebê. A bolsa rompeu só depois, nem senti... só percebi porque acabou sujando o lençol da maca. "Quantos dedos de dilatação?" Essa era a pergunta de 6/6 minutos, sempre que a dor da contração passava. E ela respondia "2".

Essa era minha barriga quando cheguei na Pro Matre. Dura e toda torta, efeito das contrações.

Subi para a sala de parto normal. Tudo muito lindo e confortável, durante 5 minutos, porque no 6º as contrações vinham e eu ficava sem rumo. A dor é muito forte sim! E olha que meu limiar de dor é alto. 1 minuto de dor, 5 de descanso. Fui assim de 1 e meia da manhã até as 7 e tantas! Banheira, cama, sofá, andar pra lá e pra cá, deitar, sentar.. tentei de tudo. "QUANTOS DEDOS?" Eu perguntava, e as 7 da manhã minha médica disse: "2". E completou: "Lu, vamos precisar fazer a cesárea, eu não posso induzir seu parto nem esperar muito, isso pode prejudicar o bebê." Meu mundo caiu por 2 segundos, e no terceiro eu disse: "AGORA! FAZ ESSA CESAREA AGORA!"rss

Mudamos de sala, porque a cesárea requer uma sala no centro cirurgico. A dor era grande demais, e tenho a impressão de que o corpo sabe que não tem dilatação, então ele manda contrações mais fortes ainda para ver se "ajuda" rsss Sentada, perna de índio, cabeça no pé: hora da anestesia. SUPER TRANQUILO. Todos falam muito dessa hora, mas eu não tive problemas nem da primeira nem da segunda vez. Vamos deixando de sentir o corpo, a sensação é de que somos de neoprene, pois sentimos o toque mas de um jeito meio "emborrachado". A equipe colocou o caninho para o xixi, a médica chegou, o anestesista ficou do meu lado checando pressão e tudo mais. Papai preparou as câmeras. Tudo pronto.

Eu estava cansada, com fome, com sono. E ansiosa pela chegada do Leo. No som, tocava Happy, do Pharrel Willians, aleatóriamente, bem baixinho. A médica chamou o papai, que foi quem tirou o Leo da minha barriga. E lá veio ela, a emoção de ouvir seu filho, e logo depois de poder vê-lo e toca-lo, sentir seu cheirinho, seu coração batendo, de ver seus olhinhos te reconhecendo mesmo sem nunca ter te visto antes, ele sabe que você é a mãe dele. Leo mamou... e ficou no meu colo por alguns minutos, coisa que eu não tinha vivido com o Nelsinho. Minha felicidade não poderia ser maior, exceto pelo fato da dor que eu sentia no ombro, que me deixou com um certo medo porque eu não tinha sentido essa dor antes. Depois falo dela, mas é uma dor consequente da abertura do abdomem, resumindo é o ar que entra na barriga, acha um nervo que acaba provocando essa dor. O anestesista me deu um remédio super forte para passar, mas mesmo com dor fiquei ali, namorando o Leo, apaixonada.

Leo ainda nas mãos do papai.

Leo no colo depois de mamar.

Tive dois momentos de muita luz, de muito amor e muita emoção na minha vida: OS PARTOS DOS MEUS FILHOS.

Então não, não me venham dizer que cesárea não é parto. Independente da história e da escolha de cada mãe, nós entramos naquela sala com o coração transbordando de amor. Toda nossa energia está concentrada ali, naquele momento em que alguém vai tirar nosso filho do útero para que a gente se encontre, cara a cara, pela primeira vez. Não, não me venham dizer que cesárea é uma cirurgia apenas, como tirar o apêndice. Meus filhos não nasceram de cirurgia! O processo todo faz parte do parto deles sim. Não, eu não pari! Mas tive dois partos lindos e emocionantes. Não, eu não senti as dores, não pude! Eu tentei, mas não deu. Eu não pari, mas como dizem, dei a luz! Porque assim como as mães que pariram na banheira, na cama de casa ou na maca do hospital, eu passei por toda a emoção de receber meu filho no mundo. E no final das contas, é a chegada deles que importa.

EU SOU CONTRA A CESÁREA ELETIVA, DESNECESSÁRIA. ACHO QUE TODA MÃE DEVE TENTAR O PARTO NORMAL ASSIM COMO TODO MÉDICO DEVERIA TRATAR A CESÁREA COMO UM PLANO B. SIM, EU ABRAÇO ESSA CAUSA COM TODAS AS MINHAS FORÇAS. MAS NÃO VENHAM ME DIZER QUE CESÁREA NÃO É PARTO.

Vamos lutar por um Brasil mais humano, que valoriza o parto normal como condição natural para a chegada dos nossos bebês, que não aceita indicações de cesárea sem necessidades, aonde os médicos obstetras dão suporte as mães que querem parto normal sem abandona-las no meio do caminho, enfim, um Brasil que tem médicos, planos de saúde, hospitais e indústria farmacêutica voltados ao humano e não apenas ao lucro. Mas vamos também respeitar a história de cada mãe, de cada bebê, respeitar as escolhas de cada um. Devemos educar, dar informação, falar sobre o assunto, mas ainda assim, todos tem o chamado livre arbítrio para escolher o tipo de parto que quer para a chegada do seu filho.

Só mais uma coisa: Mamães que ainda assim optam por cesárea mesmo com uma gestação saudável, por favor, só marquem a data para 40ª semana, tudo bem?! Um bebê precisa das 40 semanas, e não é porque "podemos" escolher o dia que devemos antecipar sua chegada sem necessidade.

Um beijo com carinho,

Lu

 
 
 

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