Valores, Presentes e o Consumismo
- lucianamorgado
- 1 de fev. de 2015
- 3 min de leitura
Complicado hoje em dia é agir de acordo com aquilo que acreditamos. Sim. E mais ainda quando se trata de valores...
Eu mesma sofro muito com algumas coisas que escuto quando tento mostrar que certas atitudes não são coerentes com os valores aqui de casa, e que não vamos praticar alguns hábitos só porque todo mundo faz.
Sabe aquela coisa do ovo de páscoa? As pessoas se acostumaram a comprar, ganhar e comer chocolate na Páscoa, e acho que tudo bem, mas tem um limite: o da obrigação. Não, eu não faço questão de ganhar ovo de páscoa, e se ganhar um bom e gostoso vou comer, mas não faço questão, não corro pra comprar os melhores, não faço estoque para a família, nada disso. Pra mim os ovos de chocolate são um agrado as pessoas que gostamos, para celebrar uma data bonita, que tem muito mais significado que ovos e coelhos. Por isso eu faço sim as pegadas da Dona Coelha pro meu filho, dou um ovinho simbólico que ele come e pronto. Pra ele o que vale é a histórinha, a magia, a sensação de ganhar um ovo da Dona Coelha e de ouvir a história do Papai do Céu e não ganhar dois, cinco, dez ovos que ele nem daria conta de comer. Mas ser assim me rende alguns comentários de mal gosto e algumas caras feias.
Quarta meu filho faz 3 anos. E não, ele não me pediu nada de presente. Não, ele não é um ET, ele só não aprendeu a ligar toda data comemorativa a presentes, porque não quero que pra ele isso valha mais que a presença das pessoas, que os amigos por perto, que os abraços que ele vai ganhar.... eu não quero que ele cresça acreditando que se não consumir não vai ser "tão legal". Não quero que ele prefira ir ao shopping comprar que ficar em casa e brincar. Não quero mesmo, e acredito que isso vai ter um valor enorme quando ele for adolescente, adulto, pai.
Nunca fui com ele ao shopping no intuito de "fazer a festa" em loja de brinquedo, nem nada disso, não acho saudável. Uma criança de 3 anos entra numa PBKids e acha que aquilo é uma grande loja de brincar, e se frustra muito ao saber que não pode brincar, só pode comprar. Essa pequena frustração, quando acontece com frequência, pode fazer do consumo a chave para a felicidade, caso ela possa comprar "tudo", ou ainda fazer da sua incapacidade de comprar tudo o grande motivo de sua infelicidade, quando ela se sente incapaz, menor que o amiguinho que tem aquilo que ela não comprou.
Enfim... trabalhei com trade marketing por anos, que é a arte de encantar o consumidor dentro da loja. Sim, toda empresa de varejo tem uma equipe de profissionais que estudam pra isso, trabalham pra isso e investem muito dinheiro só pra fazer você comprar o que você não precisa. Não me julguem, o mercado é assim. E no caso das crianças, não é diferente. Não quero que meu filho seja bombardeado com ações de marketing e merchandising em lojas de brinquedos gigantescas cheias de personagens encantadores. Não aos 3. E talvez nem aos 4, nem aos 5.
Como eu disse, quarta é aniversário do Nelsinho. Sábado é sua festa. Ele vai ganhar presentes e todos nós vamos adorar!!! Ele vai brincar!!! Vai ser divertir na festa, e depois também, em casa com os brinquedos. Mas são presentes. Ou você não acha muito mais mágico ganhar um presente que ir ao shopping e comprar um? - ok se não achar, eu acho!rs abrir o pacote, ter a surpresa, saber que aquela pessoa pensou em você, quis agradar você, quis dar carinho em forma de um brinquedo. Isso vale muito. A compra, o ato de sair e comprar o que quiser... não sei, talvez na infância não.
Esse é sim um post desabafo porque estava nesse minuto refletindo sobre isso.

Um beijo,
Lu
<3
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