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Gravidez no Trabalho | Como foi quando eu dei a notícia e como isso influenciou minha decisão de não


No último sábado o Leo, meu filho mais novo, fez 4 meses. Muitas mães, nessa fase, já passam pelo momento de adaptação do bebê as comidinhas e frutinhas, para que possam voltar ao trabalho e deixá-los em uma escolinha ou com alguém da família.

Pensando nisso, lembrei do que vivi com meu filho Nelsinho, que nasceu em 2012. Sempre quis ser mãe, e achava que isso aconteceria por volta dos meus 3o anos, logo após meu casamento... mas não foi bem assim. Em 2011 eu engravidei de surpresa... e foi a melhor coisa que aconteceu na minha vida.

Em 2010 eu troquei de emprego, em novembro entrei para o time de trade marketing de uma multinacional responsável pelas principais marcas de bebidas do mundo - wiskies, vodkas e afins. Na entrevista, uma das gerentes me perguntou, entre uma questão e outra: "você não pretende ter filhos logo né?!" O que dizer?! Achei super anti ético, mas respondi que não... não pretendia mesmo, mas eu sempre quis ser mãe, e essa pergunta me incomodou um pouco. Pensei: "E se eu quisesse?!"

Sete meses depois, adivinhem?! Eu engravidei! Sim! Foi assim, uma surpresa pra todo mundo. Esperei um mês para chamar minha gerente e contar. Estava insegura, era tudo novo pra mim, mas eu estava muito feliz. Ao mesmo tempo, o dia a dia na empresa estava super corrido, cheio de projetos e mudanças, e eu não sabia como isso poderia impactar meu desempenho e os planos do time.

Marquei uma hora com ela, fomos para uma salinha e contei, assim, meio sem jeito: "Estou grávida". Eu não sei se fui inocente demais na época, mas minha expectativa era de receber um "parabéns, que legal!" vindo de um gesto feliz, daqueles que as pessoas fazem quando falam sobre bebês, antes de qualquer outra observação relacionada ao impacto da notícia ao planejamento do time. Mas ganhei um "Não acredito, e agora?!" com uma cara nada feliz, nem perto de tentar ao menos parecer feliz.

Fiquei muito chateada. Eu não estava muito contente com minha participação nos projetos, com o dia a dia das ações, algumas coisas estavam sendo ajustadas... eu até sabia que a gerente do time pretendia me desligar, ela não ia muito com minha cara. Um dia ela me disse que eu não tinha o perfil da empresa, que eu era muito "Unilever". Tomei como um elogio. Mas sei lá, um bebê é sempre boa notícia, não?! Ou pelo menos deveria ser...

Aquilo me marcou e acabou com minha dedicação. Toda vez que eu pensava no meu trabalho, pensava que minhas gerentes não estavam felizes com meu bebê, que tiveram que mudar seus planos... eu sentia que não era bem vinda na equipe, e meu desempenho foi caindo na mesma proporção que minha barriga crescia. Além disso, enjoei demais, tive um pequeno calculo renal, descolamento de placenta, o que me fez faltar muito, acumular um número enorme de atestados médicos e ganhar ainda mais caras feias cada dia que eu aparecia no escritório. Eles me afastaram, me deixaram de home office e me deram a chance de pensar em como eu gostaria que fosse minha vida pessoal e profissional a partir daquele momento.

Não demorou muito para que toda aquela situação me fizesse ter certeza de que eu não voltaria da licença maternidade. Não mesmo, sem nenhuma dúvida. Nada, nenhuma empresa era mais importante que meu filho naquele momento, e eu decidi que faria de tudo para manter minha renda sem deixar de ficar em casa com ele.

O mundo corporativo é cruel com as mulheres. Mesmo que você seja mais acolhida durante a gravidez, sempre existem os impactos e as consequências. Você sai de licença e a empresa precisa de alguém para te substituir, você gera custos não planejados, a empresa tem que arcar com mais um dependente nos planos de benefícios, você precisa de mais flexibilidade com os horários. E isso não é bom, atrapalha as metas, os resultados... Mas ainda assim, mais do que a empresa em si, os nossos superiores diretos fazem toda diferença. Dentro de uma mesma empresa, gerentes e diretores lidam de formas distintas com a gravidez, e depois da entrevista inicial, eu deveria saber que no caso das minhas, a reação não seria positiva - uma delas já tinha planos de engravidar, e a minha gestação atrapalharia o planejamento que já havia sido feito.

Talvez, naquela primeira entrevista, eu devesse ter respondido que não estava planejando ser mãe mas que, se acontecesse, seria maravilhoso. Assim, muito provavelmente não teria sido contratada, mas estaria sendo fiel aos meus valores.

Eu sei que muitas mães gostaríam de ter mais tempo com seus filhos e nem todas podem simplesmente parar de trabalhar, mas o que quero passar com esse post é: busque trabalhar em empresas e equipes que estejam alinhadas aos seus valores pessoais, aquilo que você acredita. Isso, além de ajudar com seu desenvolvimento na empresa, contribui para aumentar o prazer em trabalhar e a diminuir os impactos negativos do dia a dia do trabalho na sua vida pessoal, principalmente para quando você tiver filhos e precisar do apoio da sua equipe.

Hoje olho para traz feliz com minha escolha. Estar perto dos meus filhos me dá a oportunidade de viver com eles momentos especiais da sua infância, que jamais voltarão... tenho trabalhado com uma coisa ou outra relacionado a marketing e mídia digital desde 2012, e nos últimos meses dei andamento ao meu projeto relacionado a maternidade e ao universo infantil, com o blog e o Brincade.ria.

Fico feliz de verdade por estar conseguindo conciliar a vida de mãe com meus projetos... e tem muitos ainda por vir, todos relacionados a vida de mães e filhos. Me encontrei. As vezes tenho saudade dos grandes projetos das grandes empresas em que trabalhei, mas a saudade passa quando penso que para voltar teria que ficar a semana toda vendo meu filho menos de 2 horas por dia, com sorte, caso ele ainda estivesse acordado quando eu chegasse em casa.

ah... e uma dica: se você vai contar que está grávida na sua empresa, erga a cabeça, vá feliz e confiante. O seu bebê vai ficar orgulhoso da mãe que tem... e talvez a pessoa que receber a notícia também pense duas vezes antes de ter uma reação negativa.

Um beijo,

Lu

 
 
 

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